Featured Video Play Icon

“O terramoto teve início às 9 horas e 40 minutos do Dia de Todos os Santos, 1 de Novembro de 1755. A terra tremeu três vezes, num total de 17 minutos, e, durante vinte e quatro horas, a terra não deixou de estremecer.”

No próximo dia 1 passarão 264 anos sobre aquele que a par do grande incêndio de Londres em 1666 constam entre os acontecimentos que maior destruição causaram, nomeadamente sobre o património, na Europa da Época Moderna.
Cair o Carmo e a Trindade. É uma expressão popular utilizada quando algo provoca grande surpresa ou confusão. Poucos saberão que esta frase tem uma origem verídica e mais funesta: O Carmo (Figura 1) e a Trindade eram dois dos mais importantes conventos do Bairro Alto lisboeta e ambos ruíram, aquando do terramoto de 1755 (Figura 2), e a expressão significou o terror, o pânico e o assombro perante o desenrolar dos acontecimentos desse dia que mudou para sempre não só as cidades, mas toda a maneira de entender o mundo, não só em Portugal mas em toda a europa.

800-convento_de_lisboa_carmo
Gravura_alema_alusiva_ao_terramoto_maremoto_de_1755
Lisbon1755_tsunami_travel_times

Fig. 1 – Ruínas do Convento do Carmo.

Fig. 2  – Gravura alemã alusiva ao sismo de 1755.

Fig. 3 – Localização do possível epicentro

Lisboa ficou sem os seis hospitais da cidade, incluindo o de Todos-os-Santos, 33 palácios da grande nobreza, o Palácio Real, a Patriarcal, o Arquivo Real, a Casa da Índia, o Cais da Pedra, a Alfândega palácios, igrejas, bibliotecas, a faustosa Ópera do Tejo, inaugurada sete meses antes…

Calculando-se em 270 mil pessoas a população da cidade, terão sido cerca de cinco mil os mortos durante o terramoto e mais cinco mil nos dias seguintes, em consequência de ferimentos ou de doenças contraídas. Mas há estimativas diferentes que apontam para vinte mil mortos e outras ainda mais catastrofistas que chegam às cem mil.

Mais conhecido pelo terramoto de Lisboa, os seus efeitos foram sentidos por todo o sul de Portugal, sobretudo no Algarve. Além da destruição causada pelo sismo, o tsunami (onda gigante) que se seguiu destruiu na região sul do país fortalezas costeiras e habitações, registando-se ondas que atingiram 30 metros de altura. As ondas de choque do sismo foram sentidas por toda a Europa e norte da África (Figura 3). As cidades marroquinas de Fez e Meknès sofreram danos e perdas de vida consideráveis (cerca de 10000 vítimas). Os maremotos originados pela movimentação tectónica atingiram locais desde do norte de África (como Safim e Agadir) até ao norte da Europa, nomeadamente até à Finlândia e através do Atlântico, afetando os Açores e a Madeira e locais tão longínquos como Antígua, Martinica e Barbados. Diversos locais em torno do golfo de Cádis foram inundados: o nível das águas subiu repentinamente em Gibraltar e as ondas chegaram até Sevilha através do rio Guadalquivir, Cádis, Huelva e Ceuta.

Sismicidade em Portugal

Portugal é um país de risco sísmico moderado, onde ocorrem sismos com uma certa frequência. Tal facto deve -se à localização do território português em relação aos limites das placas litosféricas: rifte da dorsal médio – Atlântica e a falha transformante Açores-Gibraltar, que separa as placas Euro-Asiática e Africana.

O arquipélago dos Açores é uma das regiões do nosso país que apresenta maior atividade sísmica. Esta região situa -se na dorsal médio Atlântica, numa zona onde contactam três placas litosféricas (Euro-Asiática, Norte-Americana e Africana), designada por ponto triplo. Já o

arquipélago da Madeira, situado na placa Africana, a uma certa distância da falha Açores -Gibraltar, é afetado moderadamente pelos movimentos deste limite.

A maioria dos sismos que ocorrem no território continental está relacionada, principalmente, com a falha Açores-Gibraltar, fazendo -se sentir sobretudo nas regiões mais a sul de Portugal.

Além da instabilidade causada por essa falha, o território continental possui um conjunto de outras falhas ativas que se movem frequentemente, originando sismos.

Como nos podemos proteger dos efeitos dos sismos?

Ainda não é possível evitar nem prever com exatidão quando e onde irão ocorrer sismos. Como tal, os seus efeitos destruidores apenas se podem minimizar através de medidas de prevenção. A proteção das populações deve incidir sobre a adoção de normas de construção de edifícios mais resistentes a sismos, normas que Portugal foi o primeiro país a implementar após o sismo de 1755.

Outra medida de proteção é a sensibilização da população para o cumprimento das normas de segurança, em caso de sismo. Assim, cada um de nós, além da participação responsável nos exercícios de simulação de sismos, deve conhecer os comportamentos a adotar antes, durante e após um sismo.

No nosso agrupamento no próximo dia 15 de novembro será realizado o exercício público de prevenção do risco sísmico A TERRA TREME, às 11 horas e 15 minutos, com a duração de 1 minuto.

No próximo dia 1 passarão 264 anos sobre aquele que a par do grande incêndio de Londres em 1666 constam entre os acontecimentos que maior destruição causaram, nomeadamente sobre o património, na Europa da Época Moderna.

Fernanda Filipe, Profª de Biologia e Geologia

Bibliografia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sismo_de_Lisboa_de_1755 , (acedido a 28de outubro de 2010)

https://www.ces.uc.pt/biblioteca/documentos/260_anos_da_passagem_do_Terramoto_de_1755PB.pdf (acedido a 28de outubro de 2010)

Fonte da Figura 1:

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Sismo_de_Lisboa_de_1755 (acedido a 28de outubro de 2010)

 Fonte da figura 2:

https://historiaschistoria.blogspot.com/2015/11/o-terramoto-de-1755.html

Fonte da Figura 3:

 https://pt.wikipedia.org/wiki/Sismo_de_Lisboa_de_1755 (acedido a 28de outubro de 2010)